Muito bem senhoras e senhores, bem no fim das minhas férias eu venho para fazer reviews. Tenho alguns textos na fila, e como sei que animes costumam dar uma canseira danada, venho falar de uma questão sobre o Batman, que talvez seja deveras interessante.
Dividi o texto em duas partes: a primeira aonde eu discuto a questão do “Vigilantismo” que é muito presente no batmorcego, e depois sobre o conceito de Super-Herói e Herói, que também é longamente discutido em qualquer bom quadrinho do morcegoman.
Afinal, o que é ser Vigilante.
Na realidade, seria bom eu ler Watchmen (Vigilantes) primeiro. Mas certeza que o autor se baseou muito nos quadrinhos do Batman para falar sobre o Vigilantismo.
Na verdade todos os personagens de Watchmen foram inspirados em outros que já existiam, e que na época, se bem recordo, haviam sido comprados pela DC; e inspirados de outros quadrinhos também. Sigam o link da Wikipédia abaixo para entender melhor.
Voltando ao ser vigilante em Batman, vamos falar do conceito. Ser vigilante é proteger a cidade (ou o mundo) do crime, mesmo que sem o aval da policia. Nisso você pode passar por cima da lei, ou qualquer coisa do tipo. É usar uma máscara, esconder o rosto, e dizer “Eu sou a noite“. Mas interessante, que outro herói também é tratado como um vigilante: Homem-Aranha.
Mas ele não é tratado como um vigilante no seu si. Por exemplo, o Batman sabe que é um vigilante. Ele sabe que ele não está a serviço da polícia, ou da política, mas da Justiça. E não importa a HQ ou desenho, ele vai tocar no assunto — se o autor respeitar o personagem.
No Homem-Aranha quem fala “Seu mascarado, isso é trabalho da polícia“, “Você não me engana, você está mancomunado com o Duende Verde“, “Cabeça de teia maldito, se você é tão bonzinho, tire a máscara, só bandidos usam máscaras!” é o J Jonah Jameson Jr. Ali o autor trabalha a questão do Vigilantismo, do “fora da lei”. Parece palhoça, mas dificilmente vemos isso em outros super-heróis.
No Batman o Comissário Gordon, com vimos no Cavaleiro das Trevas (HQ), não apenas atura, suporta, e ajuda o Batman. Nas palavras dele, “O Batman é além de tudo isso, é maior do que eu“, apesar que caso o Batman queira matar, ele está ali para impedi-lo.
Aliás, Cavaleiro das Trevas trabalhou muito bem isso com a nova Comissária, que trata o Batman como um “fora-da-lei”, um vigilante, coisa que ele é mesmo — e ele sabe que é.
Revisando o conceito de vigilante: Alguém que age sem ser da força policial. O Batman sabe disso e comenta sobre isso. Eu arriscaria que a luta dele contra o Superman foi exatamente por isso: Nem sempre o Governo tem razão, é preciso que alguém se arrisque em favor da sociedade.
Sim, até aí nada demais. Mas o Batman é algo além de vigilante. Pode-se dizer que na constituição dele — inspirado no Zorro, em filmes antigos do Drácula (fãs ajudem!) e sua forte constituição moral, que ele é algo além de um vigilante. Mas ele não é um super-herói.
Batman, o Herói grego Moderno![Batman.o.cavaleiro.das.trevas.02 post]()
Super-herói é exatamente o que o conceito diz: Além de herói. Supera e muitos as capacidades humanas. Voar, super força, alguma habilidade própria: adquirida (aranha radioativa), ou que faz parte do super (ser um alien que ganha poderes pelo nosso sol amarelo).
Até o Homem de Ferro não dá para comparar com o Batman, porque adquiriu junto com sua inteligência, habilidades suprahumanas. Como um professor meu que é fã dele diz: “O Homem de ferro se reconstruiu, se refez como pessoa“. Batman não é nada de supra.
Mas aí me falam “o super poder do Batman é o dinheiro“. É o dinheiro. Mas Ele não é o Dinheiro.
Vamos analisar melhor. Alguém que deu o melhor de si para se tornar a pessoa mais forte possível. Sabe tudo de artes marciais, é altamente preparado, tem uma inteligência absurda (melhor detetive do mundo), mas que no fim não voa nem nada: Batman meus amigos é um Herói.
Sabe Ulisses da Odisseia?
Ulisses ficou perdido de Ítaca (aonde era rei), e teve que enfrentar monstros, deuses (se bem lembro), desafios de razão e contava com ajuda da sua ‘guia espiritual’ Pallas Athena, a deusa da Astúcia. Tudo isso para voltar a ser rei. Vocês lembram de alguém?
Como Ulisses que usou a razão para escapar de diversos perigos, como por exemplo ele se amarrou no seu barco para não ser enfeitiçado pelas sereias, ou não comeu uma fruta deliciosa que deixou seus soldados entorpecidos, e presos numa ilha (eles morreram lá?).
O único super poder de um herói, que não é super coisa nenhuma, é a Razão, a astúcia. E claro, uma preparação absurda. Mas como Ulisses tinha a deusa Pallas Athena como Guia (quando ela disfarçou Ulisses de velho para ele poder entrar na sua cidade sem ser percebido), Batman tem o dinheiro. Ambos, Athena e Dinheiro, são ‘super’, mas nenhum nem outro é o Herói.
Bruce poderia ter ficado mais louco (Bruce é meio maluco) e torrado tudo, ficado pobre. Ulisses poderia ter comido aquela fruta deliciosa, ter ficado inebriado, e nunca mais veria a Pallas Athena. Athena o ajuda e protege, porque ele merece, e Bruce não fica mais rico se não for inteligente para gastar bem seu dinheiro — inclusive consigo mesmo.
Batman, portanto, Não é um super-herói. A sua própria construção foi pensada para ele ser um herói — acima de tudo Humano. Um Zorro que lutava pelo povo. Um herói que luta por Gottam. Mas como Ulisses, ele enfrenta deuses, seres mitológicos, monstros, e ganha o respeito do Olimpo, pelo bom uso da singela força humana: A Razão — O Batman e seu clássico “Eu tenho um plano“.
Batman é mais próximo de um bombeiro que se arrisca pelo amor ao próximo do que do Superman. Batman é um conceito de herói. O máximo da coragem do homem. Um herói Moderno.
Talvez por isso ele tenha tantos fãs e os roteiristas gostem tanto dele, porque Batman é um humano em meio a deuses. Um herói homem no Olimpo.
Abraços Batamigos, rs!
Fontes:
Página de Watchmen na Wikipédia [Link]
Watchmen HQ Download [Link]
Cavaleiro das Trevas HQ Download [Link]
